quinta-feira, 3 de outubro de 2013

EDUCAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL



REFLEXÃO SOBRE: EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA UM PROBLEMA NACIONAL

A Educação Pública do Brasil a décadas enfrenta problemas diversos que apesar dos índices crescentes do IDEB, nós educadores que estamos na linha de frente deste sistema educacional sabemos que não condiz com a realidade. Percebemos que os nossos alunos ao sair dos ciclos iniciais ainda não estão preparados para as várias disciplinas das séries finais do Ensino Fundamental.
Sabemos que muitos desses alunos ditos “alfabetizados” são analfabetos funcionais, pois decodificam as letras e leem textos de diversas tipologias e as identificam, mas não possuem autonomia para interpretar, criticar e ter sua opinião sobre estes textos. Se o objetivo da educação é formar cidadãos pensantes e atuantes, estamos fracassando. Porém, quando falamos de letramento, na perspectiva verbal, podemos dizer que uma parcela maior consegue exteriorizar opiniões e ter atitudes.
Chegando mais perto do contexto e dentro da instância que atuamos, que é a Municipal, podemos perceber que a décadas de conjecturas ainda estamos tentando caminhar, devido as mudanças e inovações do sistema, que foram mal interpretadas e desorganizadas.  Antes o ensino público do município de Ilhéus era seriado, tínhamos como todos no Brasil, o Fundamental I (Primário) de primeira a quarta série e o Fundamental II (ginásio) de quinta a oitava série, depois este aluno passava para a Rede Estadual de Ensino onde terminava o Ensino Básico.
 Estreitando mais ainda o nosso foco, analisamos o Fundamental I, percebendo que o sistema seriado excluía alunos que não tivessem acompanhassem o tradicional método de ensino, este aluno repetia muitas vezes as mesmas séries, a maioria  desistia ou continuava dentro de uma defasagem idade série gritante nas escolas, causando problemas de interação devido a diferença de idade dentro da sala de aula convergindo para a diferença de interesses nos assuntos aplicados.
Ainda no sistema seriado chegou o construtivismo com a interpretação errônea do "laissezfaire, laissezaller, laissezpasser", ( deixe fazer, deixe passar, deixai ir). Mudando radicalmente a maneira como era aplicado o ensino, deixou de ser metodista e começou a ser embasada em uma teoria. Priorizamos a construção do saber. O ensino agora teria que ser Global (partindo do todo para as partes), não poderia de forma alguma alfabetizar com método sintético (das partes para o todo), empreenderíamos esforços para construir o saber sendo mediadores. Esses alunos além de alfabetizados deveriam apreender saber dentro das diversas tipologias textuais existentes. Esta mudança radical não foi aceita com facilidade entre os professores da época, as escolas não possuíam estrutura nem materiais didáticos condizentes com aquela inovação. E as mudanças continuavam chegando.
Em 1997 nasceram os PCNs, organizando as disciplinas em Eixos Temáticos e trazendo com essa nova estrutura os Temas Transversais que deveriam ser aplicados juntamente com as disciplinas curriculares. Esta evolução demorou de chegar aos municípios e principalmente distritos.
 Minimizando mais ainda a nossa área de reflexão, sabemos que as disciplinas básicas ficaram bem organizadas para que fosse efetivado o ensino: Português ( leitura, escrita, produção); Matemática (números e operações, grandezas e medidas, tratamento da informação e espaço e forma). Deveríamos trabalhar a partir daquele momento com todas essas inovações, e o que aconteceu é que este novo momento foi interpretado de diversas formas, aplicado nas diversas instâncias e explorado de diversas maneiras. Um verdadeiro laboratório de experiências com os alunos da rede pública e ensino. Enquanto, o sistema particular, continuava o seu ritmo tradicional e metodista, implementando com estrutura as novas ideias. Contanto que não afetasse o aprendiz que deveria sair das escolas em condições de enfrentar o mundo, trabalhar e passar em concursos.
O Construtivismo de Piaget evoluiu para sócio-construtivista, depois sócio-interacionismo dentro das teorias de  Lev Vygotsky e outros, assim com as idéias freirianas foram disseminadas e bem aceitas. Inovações continuavam e nós procurávamos melhorar nosso trabalho dentro do que estava determinado com os materiais e estruturas precárias que sempre tivemos. A ansiedade e o desespero de acharmos um caminho para a alfabetização, batia a nossa porta e tirava o nosso sono.
 Em 2009, o ensino fundamental aumentou um ano e passou a ser de nove anos, muitas escolas brasileiras começaram a adotar os CICLOS. Sabendo que o CICLO indicava a alfabetização no processo de ensino das séries iniciais, ou seja, aqui neste município, hoje organizado em Ilhéus assim: CICLO I ( 1º, 2º, 3º ano); CICLO II ( 4º e 5º ano). Dando margem a este aluno ser alfabetizado em três anos sem ser retido, se ele conseguisse assimilar os saberes necessários tendo competência e habilidades para seguir, iria para o CICLO II. Melhorou a questão da defasagem idade série, deu ao governo três anos de avanço no IDEB, mas as condições sócio-estruturais dentro e fora das escolas continuavam e por diversos motivos, nem sempre este aluno alcançava a aprendizagem necessária. Devemos lembrar que neste contexto já havia a política de inclusão social, um fator a ser detalhadamente refletido em outro momento, observando a práticas nas escolas, pois as teorias não ponderam com a prática, dentro da estrutura oferecida pelo ensino público, dentro do momento político em que o Brasil se encontra, sem o apoio das políticas públicas e a capacitação de professores (as)  direcionados a este contexto. Realidade!
Podemos concluir o nosso texto interpretando a LDB:
LDB – Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Sabemos que hoje a educação está abrangendo toda a responsabilidade por estes seres humanos, o governo oferece creches, escolas com boa merenda, educação integral, bolsa família, apesar da falta de estrutura nas escolas, devido o desvio de verba e a má administração dos gestores públicos municipais, principalmente o poder executivo e legislativo, juntamente com a lentidão judicial deste país.

Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

A igualdade de condições é utopia, cada município tem um gestor, cada gestor tem um forma de pensar e as outras instancias também perpassam por vontade dos gestores de maneira hierarquizada.
A liberdade de aprender e pesquisar, prioridade na formação do humano, depende das condições do aluno como ser  psico-físico-social dentro do contexto em que está inserido e conforme suas condições econômicas. A liberdade de ensinar fica determinada pelo PPP Municipal, PPP Escolar, sabendo que linha devemos seguir. A abrangência de ensinar com liberdade existe nos países desenvolvidos, onde já na faculdade um professor precisa saber vários métodos para conseguir alfabetizar o aluno, partindo da premissa que somos seres singulares, reflexivos e inteligentes, aprendendo de diferentes maneiras na subjetividade da vida. Esta reflexão acima responde ao direito do pluralismo de ideias e condições pedagógicas que exerço neste momento com este texto reflexivo.
Concluindo, continuamos em busca de uma melhor educação para os “brasileiros e brasileiras”. As políticas públicas estão avançando e temos agora o Pacto Pela Educação Nacional, a alfabetização deverá ser prioridade e acontecer no primeiro ano de ensino, este projeto está capacitando professoras (es) das Redes Municipais de Ensino e sistematizando a alfabetização, dando maior apoio e um norte para o sistema de ensino na parte  pedagógica que se esfacelou a décadas.  

Escrito por: Professora Maria Amélia Cagy de Carvalho, graduada em Pedagogia e Historia, Cordenadora Pedagogica na E.M. Giselia Soares - Ilhéus - BA

Postado Por:  Rosana

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