REFLEXÃO
SOBRE: EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA UM PROBLEMA NACIONAL
A Educação Pública do Brasil
a décadas enfrenta problemas diversos que apesar dos índices crescentes do
IDEB, nós educadores que estamos na linha de frente deste sistema educacional
sabemos que não condiz com a realidade. Percebemos que os nossos alunos ao sair
dos ciclos iniciais ainda não estão preparados para as várias disciplinas das
séries finais do Ensino Fundamental.
Sabemos que muitos desses
alunos ditos “alfabetizados” são analfabetos funcionais, pois decodificam as
letras e leem textos de diversas tipologias e as identificam, mas não possuem
autonomia para interpretar, criticar e ter sua opinião sobre estes textos. Se o
objetivo da educação é formar cidadãos pensantes e atuantes, estamos
fracassando. Porém, quando falamos de letramento, na perspectiva verbal,
podemos dizer que uma parcela maior consegue exteriorizar opiniões e ter
atitudes.
Chegando mais perto do
contexto e dentro da instância que atuamos, que é a Municipal, podemos perceber
que a décadas de conjecturas ainda estamos tentando caminhar, devido as
mudanças e inovações do sistema, que foram mal interpretadas e desorganizadas. Antes o ensino público do município de Ilhéus
era seriado, tínhamos como todos no Brasil, o Fundamental I (Primário) de
primeira a quarta série e o Fundamental II (ginásio) de quinta a oitava série,
depois este aluno passava para a Rede Estadual de Ensino onde terminava o
Ensino Básico.
Estreitando mais ainda o nosso foco,
analisamos o Fundamental I, percebendo que o sistema seriado excluía alunos que
não tivessem acompanhassem o tradicional método de ensino, este aluno repetia muitas
vezes as mesmas séries, a maioria desistia
ou continuava dentro de uma defasagem idade série gritante nas escolas,
causando problemas de interação devido a diferença de idade dentro da sala de
aula convergindo para a diferença de interesses nos assuntos aplicados.
Ainda no sistema seriado
chegou o construtivismo com a interpretação errônea do "laissezfaire,
laissezaller, laissezpasser", ( deixe fazer, deixe passar, deixai ir). Mudando
radicalmente a maneira como era aplicado o ensino, deixou de ser metodista e
começou a ser embasada em uma teoria. Priorizamos a construção do saber. O ensino
agora teria que ser Global (partindo do todo para as partes), não poderia de
forma alguma alfabetizar com método sintético (das partes para o todo),
empreenderíamos esforços para construir o saber sendo mediadores. Esses alunos
além de alfabetizados deveriam apreender saber dentro das diversas tipologias
textuais existentes. Esta mudança radical não foi aceita com facilidade entre
os professores da época, as escolas não possuíam estrutura nem materiais
didáticos condizentes com aquela inovação. E as mudanças continuavam chegando.
Em 1997 nasceram os PCNs,
organizando as disciplinas em Eixos Temáticos e trazendo com essa nova
estrutura os Temas Transversais que deveriam ser aplicados juntamente com as
disciplinas curriculares. Esta evolução demorou de chegar aos municípios e
principalmente distritos.
Minimizando mais ainda a nossa área de
reflexão, sabemos que as disciplinas básicas ficaram bem organizadas para que
fosse efetivado o ensino: Português ( leitura, escrita, produção); Matemática (números
e operações, grandezas e medidas, tratamento da informação e espaço e forma).
Deveríamos trabalhar a partir daquele momento com todas essas inovações, e o que
aconteceu é que este novo momento foi interpretado de diversas formas, aplicado
nas diversas instâncias e explorado de diversas maneiras. Um verdadeiro laboratório de experiências com os alunos da rede pública
e ensino. Enquanto, o sistema particular, continuava o seu ritmo
tradicional e metodista, implementando com estrutura as novas ideias. Contanto
que não afetasse o aprendiz que deveria sair das escolas em condições de
enfrentar o mundo, trabalhar e passar em concursos.
O Construtivismo de Piaget
evoluiu para sócio-construtivista, depois sócio-interacionismo dentro das
teorias de Lev Vygotsky e outros, assim
com as idéias freirianas foram disseminadas e bem aceitas. Inovações
continuavam e nós procurávamos melhorar nosso trabalho dentro do que estava
determinado com os materiais e estruturas precárias que sempre tivemos. A
ansiedade e o desespero de acharmos um caminho para a alfabetização, batia a
nossa porta e tirava o nosso sono.
Em 2009, o ensino fundamental aumentou um ano
e passou a ser de nove anos, muitas escolas brasileiras começaram a adotar os
CICLOS. Sabendo que o CICLO indicava a alfabetização no processo de ensino das
séries iniciais, ou seja, aqui neste município, hoje organizado em Ilhéus
assim: CICLO I ( 1º, 2º, 3º ano); CICLO II ( 4º e 5º ano). Dando margem a este
aluno ser alfabetizado em três anos sem ser retido, se ele conseguisse
assimilar os saberes necessários tendo competência e habilidades para seguir,
iria para o CICLO II. Melhorou a questão da defasagem idade série, deu ao
governo três anos de avanço no IDEB, mas as condições sócio-estruturais dentro
e fora das escolas continuavam e por diversos motivos, nem sempre este aluno
alcançava a aprendizagem necessária. Devemos lembrar que neste contexto já
havia a política de inclusão social, um fator a ser detalhadamente refletido em
outro momento, observando a práticas nas escolas, pois as teorias não ponderam
com a prática, dentro da estrutura oferecida pelo ensino público, dentro do
momento político em que o Brasil se encontra, sem o apoio das políticas
públicas e a capacitação de professores (as)
direcionados a este contexto. Realidade!
Podemos
concluir o nosso texto interpretando a LDB:
LDB – Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Sabemos que hoje a educação
está abrangendo toda a responsabilidade por estes seres humanos, o governo
oferece creches, escolas com boa merenda, educação integral, bolsa família,
apesar da falta de estrutura nas escolas, devido o desvio de verba e a má
administração dos gestores públicos municipais, principalmente o poder
executivo e legislativo, juntamente com a lentidão judicial deste país.
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
A igualdade de condições é
utopia, cada município tem um gestor, cada gestor tem um forma de pensar e as
outras instancias também perpassam por vontade dos gestores de maneira
hierarquizada.
A liberdade de aprender e
pesquisar, prioridade na formação do humano, depende das condições do aluno
como ser psico-físico-social dentro do contexto em que está inserido e conforme suas
condições econômicas. A liberdade de ensinar fica determinada pelo
PPP Municipal, PPP Escolar, sabendo que linha devemos seguir.
A abrangência de ensinar com liberdade existe nos países desenvolvidos, onde já
na faculdade um professor precisa saber vários métodos para conseguir
alfabetizar o aluno, partindo da premissa que somos seres singulares,
reflexivos e inteligentes, aprendendo de diferentes maneiras na subjetividade
da vida. Esta reflexão acima responde ao direito do pluralismo de ideias e
condições pedagógicas que exerço neste momento com este texto reflexivo.
Concluindo, continuamos em
busca de uma melhor educação para os “brasileiros
e brasileiras”. As políticas públicas estão avançando e temos agora o Pacto
Pela Educação Nacional, a alfabetização deverá ser prioridade e acontecer no
primeiro ano de ensino, este projeto está capacitando professoras (es) das
Redes Municipais de Ensino e sistematizando a alfabetização, dando maior apoio
e um norte para o sistema de ensino na parte
pedagógica que se esfacelou a décadas.
Escrito por: Professora Maria Amélia Cagy de Carvalho, graduada em Pedagogia e Historia, Cordenadora Pedagogica na E.M. Giselia Soares - Ilhéus - BA
Postado Por: Rosana
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